Não é fácil
explicar o vazio que se sente quando se perde um animal que nos acompanhou nos últimos 15 anos. 15 anos é uma vida...
Não é fácil convencer e acalmar uma filha de 3 anos numa situação destas. A ela, que já nasceu com a gata a dar-lhe turrinhas. A ela, que lhe chamava mãe Mia e que já sabia de cor e salteado a canção da gata. A ela, que adorava de paixão aquele bicho, que fechava os olhos quando encostava a cara na barriga branca e macia dele.
Nos primeiros três dias foi muito difícil para mim consolar e acalmar o choro dela. Porque eu também estava triste e revoltada por dentro.
Agora, quase dois meses depois, já não custa dizer alto que temos saudades. E eu já não evito essas conversas. Digo que também tenho e que é mesmo assim. Abraço-a e sinto-me feliz porque sei que tudo isto, em vez de a traumatizar (que medo tive eu!*), fê-la crescer um bocadinho.
Porque começou a perceber a morte de uma forma pacífica e natural (apesar de me ter perguntado se não a podíamos visitar há poucos dias), porque teve uma amostra de que a realidade nem sempre pode ser alterada a nosso favor e que temos de ser nós, fortes, a ultrapassar a profunda tristeza que sentimos. E conseguimos, porque o tempo cura tudo.
*Estivémos as duas até ao último segundo com a gata. Assistímos ao tranquilo fechar de olhos. Fizémos festinha e démos beijinho. Foi eutanasiada.
Não é fácil convencer e acalmar uma filha de 3 anos numa situação destas. A ela, que já nasceu com a gata a dar-lhe turrinhas. A ela, que lhe chamava mãe Mia e que já sabia de cor e salteado a canção da gata. A ela, que adorava de paixão aquele bicho, que fechava os olhos quando encostava a cara na barriga branca e macia dele.
Nos primeiros três dias foi muito difícil para mim consolar e acalmar o choro dela. Porque eu também estava triste e revoltada por dentro.
Agora, quase dois meses depois, já não custa dizer alto que temos saudades. E eu já não evito essas conversas. Digo que também tenho e que é mesmo assim. Abraço-a e sinto-me feliz porque sei que tudo isto, em vez de a traumatizar (que medo tive eu!*), fê-la crescer um bocadinho.
Porque começou a perceber a morte de uma forma pacífica e natural (apesar de me ter perguntado se não a podíamos visitar há poucos dias), porque teve uma amostra de que a realidade nem sempre pode ser alterada a nosso favor e que temos de ser nós, fortes, a ultrapassar a profunda tristeza que sentimos. E conseguimos, porque o tempo cura tudo.
*Estivémos as duas até ao último segundo com a gata. Assistímos ao tranquilo fechar de olhos. Fizémos festinha e démos beijinho. Foi eutanasiada.
12 Comments:
Não sei se sorria emocionada se chore... (e não é das hormonas)
:)
Podes sorrir.
um dia, daqui a muuuuittooo tempo, espero ter essa tua capacidade para lidar com a coisa...
:(
Igual à minha KIka....custa sim...
Eu perdi o meu "Tufa" (gato) já à imenso tempo. Ele acompanhou-me durante 7 anos. Quando ele morreu (tambem assisti aos ultimos minutos de vida) foi como se tivessem tirado parte de mim... chorei seguido durante 3 dias.
Ainda hoje sinto a sua falta.
Um beijo grande
Rute
sei a dor de perder um bicho e não quero pensar nela tão depressa.
uma das melhores formas das crianças perceberem a morte é quando um animal de estimação morre... sim ela cresceu um bocadinho de certeza
admiro a tua coragem para asssistir a esse momento...
quando aconteceu o mesmo ao cão Toor, fugi e não quis que a I percebesse aquilo no momento. (o meu relacionamento com ele não tinha nada de semelhante ao vosso com a vossa gata...)
A M não percebeu exactamente o que estava a acontecer. A ideia foi "bem, vamos despedir-nos da gatinha, porque ela está mesmo muito doente e velhinha e cansada e não vamos poder levá-la para casa, precisa de descansar e dormir muito". Só nos dias seguintes é que foi percebendo.
Na altura, achei que era melhor a M vê-la adormecer calmamente (é isso que acontece) para ficar com a coisa mais bem resolvida na cabecinha dela.
Olá, leio-te habitualmente, mas só hoje resolvi comentar.
Já passei pelo mesmo, há 7 anos, ainda não tinha filhos. Nem é bom pensar, ainda hoje dói só de lembrar...
Um grande beijinho, e continua por aí.
AnaV
Infelizmente também passei por exactamente a mesma situação. No meu caso foi com a cadela dos meus pais. embora já ela continuasse em casa dos meus pais foi nossa companheira durante 12 anos. Foi uma decisão muito difícil de tomar, mas era a atitude menos egoista para ela, dado que estava num sofrimento imenso.
No nosso caso só eu e a minha irmã ficámos com ela, decidimos que o veterinário ía a nossa casa, que ela e "adormecer" no sofá onde tanto gostava de ficar, e que não ía acontecer sem ser connosco. Foi no meu colo. A dor ainda hoje existe. A saudade é todos os dias maior... o M pergunta muitas vezes por ela... tentei explicar-lhe da forma mais simples e sem grandes rodeios... a única mentira piedosa foi de que ía para o céu dos cãezinhos e que sempre que olhássemos para o céu ela ía estar lá a ver-nos. Ás vezes ele lembra-se disto e pergunta-me se ela nos está a ver agora... :)
sorry, nem sei porque escrevi isto tudo... se quiseres apaga.
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