terça-feira, fevereiro 26, 2008

Não sei porquê

Há já alguns meses que olho para a M. como se já tivesse cinco anos. Um segundo depois, lembro-me que ainda tem quatro e fico contente.
É a primeira vez que isso acontece: adiantar-me assim na idade dela.

A minha M.

é uma espectadora atenta de anúncios publicitários.

Acabou de me falar de umas saquetas que se colocam na máquina da roupa e de me explicar como as nódoas vão parar lá dentro. Das saquetas.

Encarreirar

Decido retomar com determinação algo que deixei para trás há muito tempo, o trabalho na faculdade. Não cometerei os mesmo erros. Não desanimarei à primeira dificuldade.

(Lindo!)

Mais: Vou mandar arranjar a máquina de costura da minha avó.

É tão giro!

Tenho internet e televisão de borla durante um mês no telemóvel.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Estranhei

ter acabado com um pacote de pensos higiénicos num só mês. Depois lembrei-me que a minha filha tem um mini-wc-secreto numa das prateleiras da cozinha de brincar.

Pensos, cotonetes, rolos de papel higiénico com florinhas quase a acabar, um frasquinho de soro fisiológico vazio, discos de algodão. Um tesouro.

Desde a virose

ainda não houve uma noite em que não tivesse de lhe mudar os lençóis da cama. Dorme tão profundamente que não dá conta de nada. Acorda, gelada, e só aí me avisa.

Hoje até disso se esqueceu (de ter acordado, de me ter chamado, de lhe ter tirado as calças, de a ter trazido para junto de mim). Disse-me que só percebeu quando acordou de manhã sem calças de pijama.

Não deixa de ser cómico.

Francamente, não estou preocupada. Sei que é uma questão de tempo e paciência. Reconheço até uma certa culpa: prolonguei, por comodismo, a fralda nocturna durante tempo demais.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Esta tenho de registar, apesar de saber que nunca mais me esqueço

A propósito dos anos da avó:

Ela: - Sabes, eu gostava que fossemos jantar àquele restaurante que tem uns garfos só com dois dentes.

Eu: - Ah, sim. O fondue.

Ela, a cantar: - I'll be there fondue!*


* Refrão do genérico da série Friends que dá logo a seguir ao Zig Zag do canal 2: I´ll be there for you!

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Eu não sou só esta pessoa de todos os dias

Também sou. Mas não sou só.

E gosto (muito) mais de mim quando sou a outra pessoa. Às vezes não tenho é espaço.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

É sempre perigoso

reflectir sobre determinados assuntos quando estamos há quase seis dias (e noites) a meter termómetros debaixo do braço, a dar xaropes (e copos de água logo a seguir) e a sair de casa por breves e cornometrados períodos.

Individualidade. Independência. Liberdade. Realização pessoal. É perigoso.

Estamos de quarentena

O vírus é mais persistente do que julgávamos. Até domingo, de chinelos e pijama, foram as recomendações. Eu acrescentaria desenhos animados, xaropes horrorosos e muito mimo bom.

Não me dou nada bem com estas prisões forçadas, preciso do ar da rua, de ver gente, de apanhar sol na cara.

A M. já descobriu o lado bom de estar doente: não ir à escola e ver quase todos os seus desejos alimentares satisfeitos.

Tem comido tão pouco...

Hoje parti-lhe um porquinho mealheiro. Sem querer. Sou assim, parto coisas da minha filha. A última coisa foi um braço da Barbie Princesa da Ilha.

Fico com tanta pena...

O que vale é ouvi-la chamar-me doçura.

domingo, fevereiro 10, 2008

O fim-de-semana

foi passado a lutar contra a febre da M. Uma virose, digo eu, a julgar pelos relatos idênticos de amigos e vizinhos. Escancaramos as portas aos vírus: andamos descalços, mal agasalhados, apanhamos chuva. Aquilo que até ao Inverno passado era uma raridade, agora tornou-se frequente.

E os dias lá fora tão bons para andar a pé ou de bicicleta.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

No Carnaval

recebemos muitos amigos em casa. Fizémos caipirinhas, lançámos serpentinas e dançámos muita música brasileira. Os miúdos brincaram sem birras: uma fada Winx, uma princesa, uma galinha, um cão, um Spiderman, um bobo da corte e uma Minnie. Os adultos, cheios de vergonha, acabaram a festa com cabeleiras azuis e cor-de-laranja, óculos com olhos a cair, bandoletes com orelhas.

Prazer

Estes dias de Inverno com cheiro a Primavera.

Faço-lhe perguntas, gosto.

- O que é ficar empatado?
- É ganharem os dois.

- O que é perder?
- É ficar para trás.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Ainda não há espelhos pendurados,

mas já se vê televisão.

As lágrimas nunca mais caíram, desde aquela primeira noite.
Já há lugares para as coisas, já cozinhámos refeições, já me aconcheguei no cantinho do sofá à noite a gozar o silêncio. A M. já fez castelos com as almofadas da sala e salas de estar com as cortinas do quarto.