Até há uns dias atrás tinha a certeza que a resistência da M à escola era um problema dela e não da escola. A dificuldade era despedir-se de mim e isso aconteceria naquele ou em qualquer outro local.
Agora começam a surgir algumas dúvidas. As escolas são todas diferentes. E se calhar há formas de funcionamento que são mais adequadas a este ou aquele
tipo de criança. Um colégio particular funciona de forma diferente de uma IPSS ou de uma escola pública. Melhor ou pior, é sempre relativo.
Na escola da M, que é uma IPSS, há muitas regras. Ainda bem, é bom que haja. Na creche não se notava tanto essa rigidez, mas agora no jardim sim. O facto de ter de haver horas certas para tudo (porque há muitos meninos e de muitas idades e horários de auxiliares e de educadoras para conciliar) é castrador. Para todos, educadoras também. O que não se fizer de manhã, não se consegue fazer mais. Porque é preciso ir almoçar para ao meio-dia e meia estarem todos prontos para dormir a sesta. E depois da sesta é preciso voltar a vestir as batas, cantar uma cantiga e fazer a fila para entrar no refeitório para lanchar antes que cheguem os meninos maiores. (Dito assim parece um quartel. Não é.) O que quero dizer é que não sobra tempo para brincar. Brincar à vontade, ser livre.
Escandalizei-me quando a M me disse, na semana passada, que tinham ido brincar para a casinha (aquela parte que tem a cozinha, a mesa, a caminha e mais não sei quê). Escandalizei-me porque percebi que tinha sido uma excepção. Não era assim todos os dias. E que contente que ela estava por ter ido brincar para a casinha. Ainda não consegui uma explicação razoável para essa limitação nas áreas de brincar.
Têm muitos trabalhos. E ainda têm o livro de fichas. Parece-me demais.
Acho também que as educadoras sentem uma pressão (que não sei se existe) para fazer tudo muito bem. Muitos trabalhinhos nas capas para levar para casa, decoração (de Natal, por exemplo) muito bem feita, prendinhas muito bem feitas, meninos sem nódoas negras,...
Disse na reunião de pais (e vou voltar a dizer na próxima) que tenho a certeza que os pais não vão contar o número de trabalhos que os meninos levam nas capas, os pais querem é ouvir risos e sabê-los felizes.
(Ouvi de alguns pais que eles qualquer dia (????) vão para a escola primária e precisam de ter hábitos de trabalho.)
A M adora pintar com tintas e pincéis. Mas adora mesmo. Dizer que vai pintar é fazê-la correr para a escola. Aconteceu uma vez só. Por falta de tempo, nitidamente.
A ideia ainda está a amadurecer. Tenho até ao fim do ano lectivo para pensar. Nunca pensei numa mudança de escola por estes motivos, tenho de pesar os prós e os contras. E os contras seriam alguns, a começar por uma difícil re-adaptação.
Quero a minha filha feliz. Tenho muito medo de falhar.